Metade dos ministros nomeados nesta quinta-feira 12 pelo presidente interino da República, Michel Temer (PMDB), apoiou acandidatura derrotada de Aécio Neves(PSDB-MG) nas eleições presidenciais de 2014.
Temer começou a formar seu governo de maneira mais efetiva no fim de março, quando seu partido, o PMDB, rompeu de vez a parceria com o PT. Nos dias que se seguiram ao desembarque do governo Dilma, Temer se aproximou do PSDB.
Os tucanos inicialmente divergiram sobre a participação no novo governo, mas tomaram a decisão após uma fala do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), segundo quem o partido tem “responsabilidade política” e não poderia se recusar a entrar no governo.
Na lista de 24 ministros confirmada por Temer nesta quinta-feira, três são filiados ao PSDB: o senador José Serra (SP), que assume o Itamaraty; o deputado federal Bruno Araújo (PE), que fica com Cidades; e Alexandre de Moraes, que deixa a Secretaria de Segurança Pública estadual de São Paulo para assumir o Ministério da Justiça.
Além dos três tucanos, estarão no ministério dois outros integrantes de partidos de oposição ao PT que estavam com Aécio no segundo turno: os deputados federais Raul Jungmann (PPS-PE), que vai para a Defesa, e Mendonça Filho (DEM-PE), que assume a Educação.
O bloco peemedebista do novo governo tem quatro integrantes que estiveram ao lado da chapa derrotada em 2014: o senador Romero Jucá (RR), novo ministro do Planejamento; Geddel Vieira Lima (BA), da Secretaria de Governo; e os deputados federais Osmar Terra (RS) e Leonardo Picciani (RJ), que ficam com os ministérios do Desenvolvimento Social e do Esporte, respectivamente.
Completam a lista de apoiadores de Aécio Neves os deputados Maurício Quintella Lessa (PR-AL), que fica com Transportes, e Fernando Bezerra Coelho Filho (PSB), novo ministro de Minas e Energia.
Simpatizantes e neutros
Também compõem o ministério de Temer figuras que ficaram em cima do muro ou não se posicionaram publicamente por conta de disputas eleitorais locais.
É o caso do deputado Ricardo Barros (PP-PR), que assume a Saúde, do ex-deputado Henrique Alves (Turismo), que foi candidato ao governo do Rio Grande do Norte e disputou o cargo sem esclarecer exatamente sua posição política; e de Henrique Meirelles, novo ministro da Fazenda, filiado ao PSD e que foi cogitado para ser vice na chapa de Aécio, negociação que não avançou.
A primeira nomeação de Meirelles, segundo o jornal O Globo, é a do economista Mansueto Almeida para a Secretária do Tesouro Nacional. Almeida foi um dos “cabeças” na montagem da proposta econômica de Aécio Neves em 2014.
Estão ainda no ministério o deputado Ronaldo Nogueira (Trabalho), cujo partido, o PTB-RS, apoiou Dilma, mas que não declarou voto na petista “por razões ideológicas”; e o advogado Fábio Osório Medina, um dos indicados pela oposição como especialista para defender o impeachment de Dilma Rousseff na Comissão Especial do Senado que avalia o caso.
O ministério tem também o general Sergio Etchegoyen, que deixa a chefia do Estado-Maior do Exército e assume o Gabinete de Segurança Institucional; e Fabiano Augusto Martins Silveira, indicado do Senado para o Conselho Nacional de Justiça que assume o Ministério da Fiscalização, Transparência e Controle (ex-CGU).
Apoiadores de Dilma
No ministério de Temer, apenas seis integrantes apoiaram Dilma Rousseff em 2014. Os três mais entusiasmados foram o senador Blairo Maggi, que assume a Agricultura; Hélder Barbalho, que era ministro dos Portos de Dilma e assume a Integração Nacional; e Gilberto Kassab, que, com seu PSD foi o último a desembarcar do governo Dilma, um dia antes da votação do impeachment na Câmara. O ex-prefeito de São Paulo assume o ministério que aglutinará Ciência e Tecnologia e Comunicações.
Também apoiaram Dilma o pastor Marcos Pereira, do PRB, que assume o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; o deputado federal do PV José Sarney Filho (Meio Ambiente), cuja família tinha um acordo com o PT nacional do Maranhão contra Flavio Dino (PCdoB), que acabou eleito; e Eliseu Padilha, da Casa Civil.
Padilha foi ministro da Aviação Civil no governo Dilma Rousseff, mas abandonou o cargo para articular o governo Temer. Seu nome sempre teve resistência no PT, pelo fato de Padilha não ser um aliado tão firme. “O Temer vai pedir voto para ele. Logo, para a presidenta Dilma”, disse o deputado em outubro de 2014, em um comício em Porto Alegre.