Média diária, porém, é 20% menor do que a registrada em 2014; polícia prendeu neste mês 13 suspeitos de praticarem esse tipo de crime na região
Com 27 anos, Franciane Prates Gomes dos Santos nunca tinha sido vítima direta da violência. Experimentou esse dissabor no último mês de junho, dentro de um ônibus do transporte coletivo da região metropolitana. Os arrastões – roubos em massa – nos coletivos de Curitiba e região têm sido frequentes nos últimos meses. No geral, foram mais de dois mil assaltos a ônibus e estações-tubo em 2015 – média de 7,71 por dia. Apesar de 20% menores do que os do ano passado, os números são cinco vezes maiores do que os verificados em São Paulo, onde a adesão ao meio de pagamento eletrônico é maior.
“O homem entrou armado. De mim, levou só uns trocados porque coloquei o celular no bolso virado pra lataria do ônibus. Mas roubou todos os passageiros. Agora ando com um celular velho e deixo meu smartphone desligado na bolsa. Nada de música ou jornal durante a viagem”, conta Franciane, que mora em Pinhais e é professora da rede municipal de Curitiba no bairro Campo Comprido. O roubo ocorreu na linha Privê.
Moradores de Pinhais, inclusive, circulam informações em grupos do WhatsApp sobre arrastões e as linhas mais perigosas. Em Curitiba, linhas que servem bairros como Pinheirinho, Fazendinha e Cidade Industrial de Curitiba (CIC) também têm sido alvo frequentes. Um motorista da linha Campo Comprido-Capão Raso chegou a ser esfaqueado.
A diminuição da circulação do dinheiro na catraca é uma das saídas apontadas por gestores para desestimular ação de criminosos e dar mais segurança aos passageiros. Em São Paulo, essa saída foi certeira. A queda na quantidade dessas ocorrências foi de 44% entre 2003 e 2004, primeiro ano de operação do Bilhete Único paulistano. Até setembro de 2015, 384 assaltos em coletivos haviam sido registrados na cidade — média de 1,4 por dia. A frota paulistana (14,8 mil) é dez vezes maior do que a de Curitiba. Os dados são do Spurbanuss (Sindicato das empresas de ônibus de São Paulo). O Bilhete Único foi implantado São Paulo em maio de 2004 já com a proposta de integração temporal, algo que ainda falta em Curitiba. De início, na capital paulista, 43,77% dos passageiros aderiram a essa forma de pagamento. Segundo a SPTrans, hoje são 94,28%.
Curitiba passou a aceitar o cartão como forma de pagamento em 2002. O porcentual de adesão ao bilhete girava em torno de 53% até o ano passado, quando a administração municipal anunciou medidas para estimular a forma de pagamento. Além de ampliar a quantidade de postos de recarga e criar uma modalidade que não necessita de cadastro prévio, o município passou a dar desconto de R$ 0,15 para quem pagasse com cartão. Mas essa última medida foi cancelada após intervenção do Ministério Público (MP) e do Procon. Atualmente, 60,46% dos passageiros pagam a tarifa com o cartão-transporte na cidade.
Outro Lado
A Comec, órgão do governo do estado gestor das linhas integradas e não integradas da região metropolitana, afirmou que solicitou à Diretoria Geral da Polícia Civil reforço na segurança, principalmente nos terminais metropolitanos, devido aos assaltos e arrastões que têm ocorrido nos ônibus da região.
A prefeitura de Curitiba, por sua vez, além de estimular a redução da circulação de dinheiro nos ônibus, lançou mão de uma operação policial em junho do ano passado. Chamada de “Operação Presença”, a ação intensificou o policiamento por guardas municipais em tubos e terminais. No primeiro semestre deste ano, foram realizados 12 edições em todas as regionais da cidade. A gestão municipal também promete instalar nova iluminação com tecnologia LED em cinco mil pontos de ônibus até o próximo ano e destaca a opção de parada livre após as 22 horas nas linhas não servidas por tubos.
Gestores tentam ampliar uso do cartão transporte
Tanto governo quanto a prefeitura também têm políticas para reduzir a circulação de dinheiro nos ônibus. Na região metropolitana, as linhas agora são servidas pelo cartão Metrocard, que também pode ser habilitado como um cartão de crédito pré-pago se assim o usuário quiser sem pagamento de anuidade ou faturas. Por enquanto, são oito postos de recarga espalhados pela região metropolitana.
Já na capital, em agosto do ano passado, a prefeitura ampliou de um para 25 os postos de recarga quando as 66 linhas servidas por micro-ônibus passaram a aceitar apenas cartão como forma de pagamento por força de uma decisão judicial que proibia motoristas de cobrar a passagem. Outra novidade foi a criação do cartão-avulso, que dispensa a realização de cadastros e pode ser comprado nas bancas de jornal credenciadas para recarga. De acordo a Urbs, 60,46% dos passageiros pagam com cartão atualmente. Esse porcentual era de 53% em junho de 2014.
Fonte: Gazeta do Povo