Imobilizados por faixas de interdição policial e em silêncio, cerca de 30 estudantes fizeram uma intervenção em frente ao Masp, na avenida Paulista, às 15h deste domingo (6), em protesto contra a reorganização escolar proposta pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB). A ação durou uma hora.
A performance é resultado de uma oficina de intervenção urbana do Laboratório de Práticas Performativas da USP, do Desvio Coletivo e do Projeto Acúmulo dentro da ocupação da escola estadual Maria José (região central).
Usando roupas sociais para representar autoridades, artistas do laboratório e do coletivo fizeram saudações nazistas e enrolaram os estudantes com as faixas de interdição. Com a boca, alunos seguravam livros didáticos da rede estadual.
As faixas foram rompidas pelos estudantes no final da performance, representando sua libertação.
A ação foi aplaudida por transeuntes que passavam pelas faixas de rolamento da avenida Paulista, abertas para ciclistas e pedestres neste domingo (6).
“Viemos mostrar que éramos interditados, mas agora não estamos mais nas garras do governo”, diz Eloá de Souza, 17, aluna do 3º ano do ensino médio da escola estadual Maria José.
O estudante Willian Santos, da escola estadual Tancredo Neves, no Grajaú, criticou a agressão de policiais a alunos durante os protestos contra a reorganização. Ele participou da performance em apoio aos alunos do colégio Maria José.
Diversos shows, debates e exibições de filmes estão acontecendo neste domingo (6) em escolas ocupadas ou regiões próximas. Os shows, gratuitos, são resultado da ação “Virada Ocupação”, organizada pela rede Minha Sampa, que apoia o movimento dos estudantes secundaristas. Artistas como Criolo, Pitty, Karina Buhr e Arnaldo Antunes devem se apresentar.
O evento será realizado por meio da participação de voluntários. Setecentas pessoas se inscreveram para trabalharem como produtores do evento.
Após quase um mês de ocupações –cerca de 200 em escolas estaduais do Estado de São Paulo–, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu, nesta sexta (4), suspender o processo de reorganização da rede estadual de educação, que fecharia 92 escolas e unificaria ciclos de ensino. Com o recuo, o secretário de Educação, Herman Voorwald, pediu demissão.
“O ano de 2016, que seria o da implementação, será o de aprofundarmos o diálogo”, afirmou Alckmin, que ostenta o seu pior nível de popularidade –aprovação de 28%, segundo pesquisa Datafolha.
No sábado (5), o governo do Estado publicou no Diário Oficial de São Paulo decreto revogando o que permitia a reorganização escolar.
Os estudantes mantêm a ocupação.
Fonte: Folha de S. Paulo