Como parte da programação do Outubro Rosa, a Procuradoria da Mulher do Senado promoveu, nesta quinta-feira (20), um seminário sobre o câncer de mama e o acesso à realização de exames. A falta de vagas e de preparo para atender mulheres com deficiência na rede pública foram as principais reclamações.
Carla Karine da Silva, cadeirante e usuária dos serviços de saúde pública, contou que demorou um ano e meio para conseguir fazer exames de ultrassom na rede pública para confirmar o diagnóstico de câncer de mama.
Segundo ela, com a demora, outro foco da doença foi detectado na outra mama, o que a levou à rede privada, onde pagou pelos exames. A dificuldade não parou por aí. Carla afirmou que tanto a rede pública quanto a rede privada não estão preparados para atender pessoas com deficiência.
— Como faz a mamografia em pé? Infelizmente eles não estão preparados pra fazer os exames. Eles perguntam assim: mas você não consegue ficar em pé nem um pouquinho? Infelizmente a gente não fica em pé nem um pouquinho, então não tem como fazer — relatou.
Odília de Sousa, do Ministério da Saúde, explicou que o órgão possui uma série de diretrizes sobre acessibilidade e cuidados à mulher com deficiência. De acordo com ela, o fluxo de pessoas e exames deve ser administrado pelas secretarias de saúde.
— Eles têm que regular esse fluxo ou para a unidade básica de saúde ou média e alta complexidade — afirmou.
Já o coordenador de Promoção de Direitos das Pessoas com Deficiência do DF, Paulo Beck, disse que o governo federal precisa adequar as diretrizes à realidade.
— É um problema de gestão do SUS. O SUS determina que, em qualquer lugar que você esteja, você seja atendido. Temos que fazer com que a normatização desse sistema se aproxime da realidade — explicou.
Teto de gastos
A procuradora da Mulher no Senado, senadora Vanessa Grazziottin (PCdoB-AM), manifestou preocupação com os impactos da PEC 241, em análise no Congresso, que estabelece um teto para gastos públicos por 20 anos.
— Temos um entendimento de que essa PEC vai subtrair recursos significativos das áreas sociais, da área de saúde, apesar de dizerem que não — disse.
De acordo com o mastologista e professor do Hospital da Mulher, César dos Santos, a cada três casos de câncer de mama, há uma morte.
Fonte: Agência Senado