Educadores e representantes de conselhos de Educação divergiram nesta quarta-feira (23) quanto ao aumento da carga horária e às mudanças no currículo do Ensino Médio durante a segunda audiência pública da comissão mista que analisa a MPV 746/2016, conhecida como MP do Ensino Médio.
O relator da MP, senador Pedro Chaves (PSC-MS), informou que o relatório final deve inserir mudanças em relação à carga horária exigida e à exclusão de disciplinas como Artes e Educação Física da grade curricular obrigatória. Segundo ele, as mudanças atendem a pedidos de parlamentares, que se posicionaram contra o texto do governo.
Para o presidente do Conselho Nacional de Educação, Eduardo Deschamps, o problema da educação no Brasil começa no ensino fundamental. Ele disse que a MP supre a necessidade de mudanças estruturais na educação para conseguir alcançar melhores resultados, especialmente no ensino médio.
— Não é possível que o Brasil fique na contramão, quando o mundo inteiro trabalha com estruturas diferenciadas no ensino médio, e o Brasil continua insistindo num modelo único e padrão para todos. De fato, o ensino médio brasileiro, por conta dos resultados, aponta a necessidade de uma revisão, de uma reformulação.
Já o professor Moacir Alves Carneiro criticou a MP. Especialmente o trecho que permite a contratação de professores sem diploma específico, mas com “notório saber”.
— Agora, vem a nós a ameaça de bipartir o ensino médio, são dois currículos, dois tempos, dois processos de avaliação, duas formações de professores.
De acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), usado para medir a qualidade do ensino no Brasil, o ensino médio teve o pior resultado se comparado às séries iniciais e finais do ensino fundamental. A meta para 2015 era de 4,3, mas o índice alcançado foi de 3,7.
Fonte: Agência Senado