Quem trabalha quer receber. E o que é mais importante: receber em dia. Para os trabalhadores que atuam no setor de transportes de Curitiba e região metropolitana, no entanto, essa não tem sido a realidade.
Por isso, em 17 de janeiro, os trabalhadores que atuam nos escritórios e na manutenção das empresas de transportes aprovaram, em assembleia, a deflagração de greve a partir do dia 23, caso haja atraso nos adiantamentos quinzenais deste mês.
No final do ano passado, os trabalhadores também enfrentaram problemas para receber o 13º salário. Na ocasião, o setor patronal alegou que não teria condições para quitar o pagamento, pois não tinha dinheiro em caixa.
A situação voltou a se repetir no início deste ano. Em algumas empresas, como é o caso da CCD Transporte Coletivo, os salários do pessoal da administração só foram quitados com 11 dias de atraso. O receio é que o adiantamento quinzenal, que deve ser efetuado até o dia 20, também seja atrasado. A empresa São José e a Viação Tamandaré também não estão com os salários dos funcionários em dia.
O presidente do Sindeesmat, Agisberto Rodrigues Ferreira Junior, explicou que essa situação sempre foi tratada com diálogo entre o empregador e os trabalhadores. Chega um momento, porém, em que já não é mais possível tolerar.
“Quem é pai de família entende a dificuldade existente quando o pagamento não chega até nós. É preciso quitar a conta de água, de luz, realizar a compra de uniforme escolar, dentre outros gastos. Até então, adotamos uma linha do diálogo, mas agora é a hora do Sindicato adotar uma atuação mais de frente”, salientou.
A advogada do Sindicato Lucia Maria Beloni Correa Dias destacou que a atuação do Sindicato sempre priorizou o respeito entre o trabalhador e o empregador. Contudo, esse é o momento em que o setor patronal não pode alegar que não tem condições de realizar o pagamento.
“O papel do Sindicato é buscar as melhores condições de trabalho para a categoria, o que inclui a discussão sobre a parte salarial. O empregador tem o dever legal de fazer o pagamento. Em face de tudo isso, não podemos ficar parados, e precisamos buscar o que for melhor para o trabalhador”, destacou.
Lucia Maria explicou, ainda, que quase todo final de ano, o pagamento dos salários tem sido feito por meio de liminar, senão a categoria não recebe. Isso não pode se repetir.
O profissional de recursos humanos Gilmar Moreira Cabral explicou que o pagamento é essencial. Na empresa em que ele trabalha, a alegação do setor patronal é que houve baixa na diminuição de passageiros e atraso no repasse da Urbanização de Curitiba (Urbs), órgão responsável pelo transporte público em Curitiba.
“O trabalhador que não recebe o salário não consegue quitar suas contas. Ele já está no limite e não tem um dinheiro extra. Por isso, ele precisa receber o seu salário em dia”, destacou.
Fonte: Sindeesmat