Dia Internacional das Mulheres, 8 de março, não é uma data comemorativa qualquer. Antes de desejar parabéns ou dar flores a uma mulher, como se fosse seu aniversário, lembre-se: é um dia de luta por condições melhores de vida.
Com origem na luta operária das mulheres da virada do século 19 para o 20, a data hoje faz parte do calendário mundial, e rememora esse passado de tradição de luta das mulheres com olhos no presente e, principalmente, no futuro.
Em busca de igualdade de condições na sociedade e contra o machismo de origens patriarcais, as mulheres e seus coletivos e movimentos sociais se mobilizam também contra a violência doméstica e de gênero e pelo direito à autonomia sobre seus próprios corpos.
Origem da data
Há diferentes versões que buscam explicar a origem exata do dia 8 de março como data comemorativa da luta das mulheres. Mais do que comprovar ou descartar alguma hipótese, o importante é compreender que a data faz parte de uma trajetória e uma tradição de mobilização que remonta a vários séculos, sendo menos importante o momento da criação do que ele significa.
Uma das versões atribui a escolha do dia aos impactos de um incêndio ocorrido em uma fábrica têxtil de Nova York, em março de 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas.
Outra salienta o papel das mulheres soviéticas, participantes da Revolução Russa de 1917, no estabelecimento do calendário durante o final da Primeira Guerra.
A Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu a data a partir de 1977, dois anos depois de ter organizado e celebrado o “Ano Internacional da Mulher”.
De lá para cá, a luta das mulheres por melhores condições sociais e contra a desigualdade e o preconceito, que no Brasil tem origens ancestrais nas culturas originárias e afrodescendentes, ampliou-se e institucionalizou-se sob o signo do feminismo, com o nascimento e a propagação de inúmeros coletivos, movimentos e produções culturais de toda espécie.
Se até 1932 as mulheres sequer podiam votar no Brasil, hoje ainda há muito a se caminhar em pautas como a inserção no mercado de trabalho, a divisão social do trabalho, a sexualidade e a saúde da mulher.
Violência, poder e desigualdade
Problema histórico em um país de raízes patriarcais e escravistas, a desigualdade de gênero no Brasil tem sido agravada nos últimos anos com a gestão de Jair Bolsonaro e com os impactos da pandemia.
Por mais que estatísticas do IBGE indiquem que a escolaridade feminina no país é, em média, superior à masculina, o mercado de trabalho não reflete essa situação quando se trata de remunerações e cargos de liderança.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, a força feminina no mercado de trabalho caiu de 53,3% – no terceiro trimestre de 2019 – para 45,8%, no mesmo período de 2020.
Esse índice é o mais baixo desde 1991. Já entre os homens, a participação é maior e a queda menor: de 71,8% para 65,7%, no mesmo período.
Segundo a pesquisa do IBGE, a participação das mulheres sem filhos na força de trabalho é 35,2% maior em relação à participação daquelas com filhos.
Além da demanda por oportunidades igualitárias no mercado de trabalho, a luta das mulheres atualmente também tem outras duas importantes vertentes: a busca por maior espaço dentro da política institucional e o combate à violência.
Mesmo com uma legislação determinando a reserva de 30% das vagas nos partidos para candidaturas de mulheres, na prática isso tem se mostrado inefetivo, com as mulheres compondo apenas cerca de 10% do Congresso Nacional.
Já em relação à violência, segundo pesquisa do Datafolha, uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos afirmou ter sofrido algum tipo de violência em 2020 no Brasil.
Isso significa que cerca de 17 milhões de mulheres (24,4%) sofreram violência física, psicológica ou sexual durante 2020, um número próximo ao do mesmo levantamento realizado no ano anterior, ou seja, há uma continuidade no problema.
Fonte: Sindeesmat