A decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que aceitou nesta quarta-feira (2) um dos pedidos de impeachment protocolado na Casa contra a presidente Dilma Rousseff, repercutiu entre os deputados governistas e de oposição.

Deputados de partidos da base aliada ao governo criticaram a decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de acolher o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

O líder do governo na Câmara dos Deputados, deputado José Guimarães (CE), disse ter se surpreendido com a decisão de Cunha. “Nós recebemos isso com absoluta indignação, porque não há fato ou justificativa alguma, a não ser o desejo míope, antidemocrático e golpista de setores da oposição que, na semana passada, jogavam pedra no presidente da Câmara e hoje se unem a ele para tentar o impedimento de uma das pessoas mais sérias do Brasil e sobre quem não pesa nenhum delito que possa justificar seu afastamento” disse Guimarães.

Segundo ele, a presidente está segura de que o Congresso não levará à frente esse pedido de impeachment, porque ele não tem objetivo determinado e, portanto, não tem embasamento jurídico.

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), partidos de oposição e o presidente da Câmara servem ao mesmo propósito de atacar a democracia brasileira. “É inaceitável que a oposição queira rasgar a Constituição do Brasil encaminhando um processo de impeachment da presidente que não tem qualquer fundamento legal”, disse Silva. Orlando Silva anunciou que deverá recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Para a líder do PCdoB, deputada Jandira Feghali (RJ), trata-se de revanchismo, pois não há fato determinado para justificar um pedido de afastamento da presidente Dilma Rousseff. Feghali disse que caem por terra os argumentos de que Dilma cometeu irregularidades depois da aprovação, nesta quarta, do projeto que ajusta a meta fiscal do governo. “É bom dizer que a votação do PLN 5 coloca por terra qualquer argumento de irregularidade do governo Dilma em 2014 ou em 2015”, defendeu.

O deputado Henrique Fontana (PT-SP) considerou a decisão de Cunha de deliberar sobre o pedido de impeachment uma retaliação à disposição do PT de defender, no Conselho de Ética da Casa, a continuidade do processo que pede a cassação dele por quebra de decoro parlamentar.

“Como o deputado Eduardo Cunha percebeu que o Conselho de Ética vai dar prosseguimento ao processo contra ele, ele resolveu acolher o pedido de impeachment que eu chamo de golpe”, disse.

Pronunciamento da presidente
Em pronunciamento na noite desta quarta, a presidente Dilma Rousseff afirmou ter recebido “com indignação” a decisão do presidente da Câmara de acolher o seu pedido de impeachment. Dilma lembrou que seu mandato foi democraticamente conquistado junto ao eleitor e classificou de “inconsistentes e improcedentes” as razões que fundamentaram o pedido.

“Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim. Não paira por mim nenhuma suspeita de desvio de dinheiro público”, afirmou.

A presidente da República encerrou o pronunciamento manifestando confiança no arquivamento do pedido de impeachment e nas instituições no Estado democrático de direito.

 

São necessários os votos de 2/3 dos deputados em Plenário para autorizar o processo de impeachment, que então seguirá para o Senado.

Fonte: Câmara dos Deputados