Especialistas cobraram nesta quarta-feira ação integrada do governo para combater violência contra mulheres. Representantes dos governos federal e estaduais participaram de audiência pública promovida pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência para discutir formas de combater a violência contra mulheres com deficiência.

A coordenadora geral de Saúde da Pessoa com Deficiência do Ministério da Saúde, Vera Lúcia Ferreira, destacou que é preciso uma ação integrada de vários órgãos para o enfrentamento da violência contra mulheres, principalmente aquelas com algum tipo de deficiência.

Vera assinalou ainda a necessidade de se equipar os centros de saúde e qualificar o atendimento para essa parcela da população. “Hoje muitas vezes (os direitos) são negados a ela. Negados porque a unidade não é acessível porque se ela consegue entrar na unidade, ela ainda tem uma barreira do preconceito, ou ainda de que não tem um equipamento e ainda tem de passar por situações humilhantes de não ter como fazer um exame.”

Acolhimento adequado 
Para a deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), é preciso conscientizar as mulheres sobre seus direitos e equipar os órgãos de saúde e de justiça para um acolhimento adequado a essa parte da população. “Quanto mais vulnerável, mais sujeito à violência você fica também. A gente tem que ter mecanismos de proteção na Justiça, na Saúde, em todos os lugares.”

Gabrilli enfatizou que a divulgação do tema é imprescindível porque “muitas vezes a mulher agredida, a mulher que passa por uma violência, acaba se isolando.”

Para o representante do Ministério da Justiça, Talles Andrade de Souza, é preciso aparelhar as delegacias especializadas para que as mulheres sejam bem acolhidas e a Lei do Feminicídio (13.104/15) seja aplicada na prática.

Estatísticas
Segundo estimativas de órgãos ligados ao enfrentamento da violência, mulheres com deficiência correm risco três vezes maior de sofrer estupro e 70% das jovens com deficiência intelectual sofreram alguma tipo de abuso sexual. Mas, na maioria das vezes os casos não chegam ao conhecimento das autoridades.

A secretária da Mulher de Alagoas, Rosinha da Adefal, destacou que 26,5% das mulheres brasileiras têm algum tipo de deficiência o que as torna mais vulneráveis à violência. “Na maioria das vezes sequer consegue registrar uma ocorrência dessa violência. Há mulheres surdas que chegam às delegacias e não são entendidas e nem tem um intérprete que consiga se comunicar com elas. Há mulheres com deficiência intelectual – que são consideradas doidinhas – e por isso ninguém dá crédito àquilo que elas estão falando. O pior de tudo é saber que essa violência ocorre dentro de casa por pessoas da família.”

A representante da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, Fernanda Papa, lembrou que a política de enfrentamento à violência contra a mulher existe há dez anos, mas precisa ser constantemente reformulada.

Fonte: Câmara dos Deputados