Pesquisadores defenderam nesta quinta-feira (15) uma maior participação do cidadão para garantir uma gestão pública democrática. Eles participaram do seminário internacional “Comunicação e Participação Social na Esfera Pública em Tempos de Cidadão Digital”, promovido pela Secretaria de Comunicação Social da Câmara dos Deputados.
O diretor de Inovação e Gestão do Conhecimento da Escola Nacional de Administração Pública (Enap) do Ministério do Planejamento, Guilherme de Almeida, afirmou que o desafio maior é fazer com que as pessoas se vejam como parte das instituições. “Se o cidadão fizer parte do processo, a gente tem instituições mais fortes, a gente tem uma democracia mais pulsante”, disse.
Para Almeida, o desafio de um governo aberto é “derrubar paredes” com a construção de canais para atuação do cidadão. “Participação não é só ouvir o cidadão, é fazer dele sujeito da política pública e não objeto”, declarou.
Almeida ressaltou que há diferentes órgãos de governo já implementando soluções com foco em transparência, participação social e accountability – prestação de contas.
Orçamento
Uma das ideias para aproximar a população das ações governamentais foi apresentada pelo estudioso Andrés Martano, do Colaboratório de Desenvolvimento e Participação (Co:Lab) da Universidade de São Paulo (USP). O laboratório criou o “Cuidando do meu bairro” (http://cuidando.org.br/), ferramenta de análise da execução orçamentária da prefeitura paulistana pelo mapa da cidade.
A proposta foi que cada pessoa pudesse ver quanto o município gastou em obras e serviços em seu bairro. “A ideia foi aproximar o orçamento de onde a pessoa está”, disse Martano.
Segundo o pesquisador, a ferramenta foi reestruturada para atender a demanda dos usuários por mais informação orçamentária. “A gente começou mapeando o orçamento. Aí veio a ideia de colocar também o pedido de acesso à informação. Para que a pessoa pudesse tirar dúvidas”, afirmou.
Análise de problemas
A pesquisadora do laboratório de inovação GovLab (http://www.thegovlab.org/), sediado na Universidade de Nova Iorque (Estados Unidos), María Hermosilla, afirmou que governos têm dificuldade em trabalhar de forma colaborativa por apresentar ideias sem analisar problemas.
“No setor público, não se parte da análise e compreensão profunda dos problemas. Normalmente, os gestores vêm com ideias a serem implementadas e que não dão certo. Se realmente você define o problema, vai chegar a uma melhor solução”, disse a pesquisadora chilena.
Para Hermosilla, um elemento chave para se trabalhar com governos é encontrar um líder comprometido e que acredite na gestão colaborativa. O GovLab trabalha com capacitação e formação de funcionários públicos e líderes sociais com foco em duas áreas de governança: baseada em dados – para disponibilizar o maior número de dados possíveis; e colaborativa – para aproveitar conhecimentos da sociedade em geral na solução de problemas públicos.
Fonte: Agência Câmara Notícias