Augusto Nardes pode ter recebido R$ 1,65 milhão de uma empresa investigada sob suspeita de envolvimento com fraudes fiscais, alega PF
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal encontraram indícios de que o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes pode ter recebido R$ 1,65 milhão de uma empresa investigada sob suspeita de envolvimento com fraudes fiscais. Nardes é relator das contas da presidenta Dilma Rousseff (PT).
O ministro é alvo de suspeitas por ter sido sócio até 2005 da empresa Planalto Soluções e Negócios, registrada em nome de seu sobrinho, Carlos Juliano.
Os autos serão encaminhados à Procuradoria-Geral da República, para que opine sobre o prosseguimento das investigações, segundo informou a Folha de São Paulo. O ministro só pode ser investigado e processado com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).
A suspeita é parte da Operação Zelotes da Polícia Federal, que apura suspeitas de fraudes praticadas para comprar decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão do Ministério da Fazenda que julga recursos de empresas contra multas aplicadas pela Receita Federal.
De acordo com a investigação, Nardes e o sobrinho receberam na Planalto Soluções e Negócios vários pagamentos da SGR Consultoria, que teria corrompido conselheiros do Carf para favorecer empresas que recorreram ao órgão.
Segundo os investigadores, há referências a Nardes em mensagens eletrônicas enviadas em janeiro de 2012 pela secretária da SGR Gegliane Bessa.
Gegilane diz ter pago R$ 1,65 milhão a uma pessoa identificada como “Tio” e R$ 906 mil a “Ju”. Para os investigadores, há “fortes indícios” de que “Tio” é Nardes e “Ju”, seu sobrinho.
Além das mensagens, os investigadores dizem ter encontrado anotações feitas por suspeitos que confirmariam as operações financeiras e concluíram que as referências indicam Nardes como “destinatário dos recursos”.
A PF desconfia que a Planalto recebeu por ter aproximado a SGR do grupo gaúcho de comunicação RBS, filiado à Rede Globo, com problemas no Carf.
Em 2011, após pagar R$ 11,9 milhões à SGR, a RBS obteve uma vitória no Carf. Os pagamentos da SGR à Planalto Soluções e Negócios ocorreram na mesma época dos pagamentos da RBS à SGR.
Nardes afirma à Folha desconhecer os pagamentos, que era um “simples acionista” da Planalto, e que se desligou da empresa em 2005.
Fonte: Brasil de Fato