Existe muita discussão sobre qual é a real função da válvula termostática. Uns dizem que ela serve para o motor esquentar mais rápido. Outros dizem que ela deve ser retirada, pois só serve para superaquecer o motor. Bem, vamos acabar de uma vez por todas com essa polêmica. A principal função da válvula termostática é fazer com que o motor funcione, sob temperatura constante, dentro de uma faixa de valores especificados. Portanto, não importando o regime de funcionamento (dentro do previsto pelo fabricante do veículo), a temperatura do motor deve permanecer entre um valor máximo e um mínimo. No entanto, ela também possui algumas funções secundárias.
O seu principio de funcionamento é bastante simples e conhecido entre os “Guerreiros das Oficinas”. Através de um mecanismo dotado de uma cera expansiva, ela interrompe, de forma gradativa, a comunicação entre o motor e o radiador, responsável pelo resfriamento do líquido de arrefecimento. Ou seja: quando o motor se encontra frio, a válvula bloqueia totalmente a passagem entre o motor e o radiador, impedindo que o líquido que se encontra dentro do bloco do motor chegue ao radiador.
Nesse ponto, é possível citar uma das suas funções secundárias mais importantes: permitir o rápido aquecimento do motor. Motores frios, principalmente os “flex” e/ou alimentados por injeções eletrônicas, tendem a exigir misturas mais ricas para apresentar bom funcionamento, aumentando o consumo e a emissão de poluentes. Ou seja, quanto mais rápido o motor atingir a sua temperatura normal de funcionamento, melhor. Motores cujas válvulas termostáticas são retiradas tendem a demorar muito para aquecer, agravando esses problemas.
À medida que absorve o calor gerado pelas câmaras de combustão, o líquido se aquece. Após atingir uma temperatura mínima, a válvula termostática, com quem tem contato direto, vai se abrindo gradativamente, permitindo a troca de fluidos entre o radiador (mais frio) e o bloco do motor (mais quente). O resultado desta “mistura” é um líquido a uma temperatura constante e controlada no interior do bloco do motor.
Nunca remova a válvula
Quando a válvula termostática se encontra totalmente aberta, permite uma troca de líquidos suficiente para manter o bloco do motor dentro dos limites estabelecidos pelo fabricante. Nessa condição, superaquecimentos só poderão ocorrer em três situações bem distintas:
a) O motor do veículo está sobrecarregado ou sendo utilizado de forma incorreta (veículo sendo conduzido com marchas elevadas em subidas de serras).
b) Problemas mecânicos no motor ou no sistema de arrefecimento. Por exemplo:
Falta de líquido de arrefecimento (vazamentos);
Galerias de arrefecimento do bloco do motor entupidas;
Radiador entupido externa ou internamente;
Falta de pressurização no sistema de arrefecimento;
Correia da bomba d’água frouxa ou quebrada;
Defeito na bomba d’água;
Avanço de ignição muito atrasado;
Válvulas do motor ajustadas com folga inferior às recomendadas (presas);
Motor alimentado com mistura muito pobre;
Junta de cabeçote queimada;
Bicos injetores gotejando (no caso de motores diesel);
Falha na ventilação do radiador (eletroventilador não funciona, correia do ventilador quebrada ou frouxa, acoplamento viscoso do ventilador defeituoso, ventilador quebrado ou inadequado para o motor).
c) Válvula termostática defeituosa ou selecionada incorretamente para o veículo em questão.
Em condições normais de funcionamento, a válvula jamais provocará superaquecimento do motor. Motores cujas válvulas termostáticas são retiradas operam com muita variação de temperatura. Isso pode ocasionar, principalmente nos motores mais modernos “flex” e equipados com injeções diretas, problemas relativos a dirigibilidade, consumo de combustível e emissão de poluentes. Sistemas mais sofisticados, dotados de rotinas de diagnóstico mais complexas, podem entrar em modo de emergência e acusar códigos de falhas. O controle da temperatura é tão importante nesses motores que, muitos deles, são equipados com duas válvulas termostáticas. Logo, a remoção deste importante componente não é uma opção.
Mas como saber se uma válvula é a responsável ou não por um superaquecimento?
Bem, em primeiro lugar, é preciso saber se o veículo está equipado com a válvula correta. O primeiro passo é remover o componente e verificá-lo tendo como referência uma tabela de aplicação. Tendo certeza da aplicação, é preciso saber se o componente está funcionando corretamente. Os fabricantes de válvulas sugerem alguns testes específicos, alguns deles muito conhecidos dos “Guerreiros das Oficinas”. Por exemplo: colocar a válvula em um recipiente com água; aquecer a água e, em determinadas temperaturas, medir a abertura da válvula e comparar com as especificações do fabricante.
Porém, outros procedimentos de diagnóstico preliminares (complementares) bastante simples podem ser adotados antes da remoção do componente:
O motor demora muito para aquecer? A válvula pode ter sido removida ou se encontra travada na posição totalmente aberta.
O marcador de temperatura está se elevando além do normal e não há circulação de água pela mangueira onde a válvula está instalada? A válvula pode estar travada na posição totalmente fechada.
O marcador de temperatura está se elevando além do normal e há circulação de água pela mangueira onde a válvula está instalada? A válvula pode não estar se abrindo totalmente.
A alimentação elétrica da válvula (apenas para válvulas eletrônicas) está funcionando?
A válvula termostática é um componente bastante robusto. No entanto, apresenta vida útil. É um componente que deve ser substituído periodicamente, dentro dos critérios estipulados pelo fabricante do veículo.
A sua durabilidade depende diretamente do meio onde está trabalhando, ou seja, o líquido de arrefecimento. Líquidos impregnados de sujeira (ferrugem) podem provocar travamento do componente. Aditivos incorretos podem atacar o componente diminuindo drasticamente a sua vida útil. Logo, manter o sistema de arrefecimento limpo e corretamente aditivado é crucial para a manutenção deste imprescindível componente.
Fonte: O Mecânico